Palmares

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sábado, 28 de dezembro de 2013

Abdominoplastia: o que é e quando é indicada?

Procedimento reduz a flacidez e ajuda a deixar o abdome mais definido

por Redação


flacidez e excesso de pele na região abdominal é um problema que 
atinge muitas mulheres. Múltiplas gestações, excesso de gordura, perda 
de peso acentuada e genética são os principais fatores que levam à condição, 
que também pode vir acompanhada de estrias.
Leia também:

Muitas vezes, o acúmulo de pele na barriga acontece sem que haja excesso 
de gordura, tornando muito mais difícil o processo de enrijecimento da região. 
Nestes casos, a abdominoplastia é indicada. “A cirurgia plástica não só remove 
o excesso de pele, reduzindo a flacidez, gordura e marcas de distensão da 
região da barriga, mas também reforça os músculos abdominais verticais 
distendidos e enfraquecidos, restabelecendo a aparência de um abdome 
firme e plano”, afirma a cirurgiã plástica Maria Carolina Coutinho, membro 
da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Outro problema tratado pelo procedimento é o afastamento dos músculos retos 
abdominais, que pode ocorrer na gestação e que dá a impressão de aumento de 
volume abdominal.

Resultados

Além da correção da flacidez, o procedimento é capaz de melhorar parcialmente 
o aspecto da celulite como efeito secundário. “As estrias e celulite localizadas 
na parte inferior do umbigo desaparecem. As que ficam acima dele não saem, 
mas são deslocadas para a região inferior e acabam sendo disfarçadas”, explica 
a especialista. “A cirurgia melhora o aspecto da celulite porque deixa a pele 
mais esticada. Porém, ela não trata esse tipo de problema: o foco é o excesso 
de pele e flacidez”, enfatiza.
Com relação à cicatriz, Dra. Maria Carolina afirma que o local do corte é 
combinado previamente com a paciente, podendo ser na marca da calcinha 
ou do biquíni. “Porém, vale ressaltar que biquínis muito cavados ou de lacinho 
geralmente não cobrem toda a cicatriz, que pode ficar à mostra. De qualquer 
modo, a cirurgia é feita com o objetivo de deixar uma cicatriz de boa qualidade, 
fina e bem clara, que fica, praticamente, imperceptível”, garante.

Emagrecimento

Um erro comum é pensar que a abdominoplastia trata o acúmulo de gordura 
abdominal e promove o emagrecimento. No entanto, a cirurgiã plástica afirma 
que o procedimento não tem este objetivo e, portanto, não beneficia quem 
está muito acima do peso, sendo a lipoaspiração o tratamento cirúrgico mais 
indicado neste caso.
“O principal objetivo da abdominoplastia é retirar o excesso de pele e 
promover o afinamento da cintura com o reposicionamento da musculatura 
abdominal”, diz. “Pode haver perda de peso por conta da retirada de pele, 
assim como uma planificação do abdome, o que dá a sensação de emagrecimento. 
Porém, essa não é uma cirurgia para tratamento de excesso de gordura, de modo que o emagrecimento não é o principal benefício. Por isso, ela não deve ser vista 
como um substituto da reeducação alimentar ou de um programa de 
atividade física”, enfatiza Dra. Maria Carolina.
Quem está acima do peso e apresenta flacidez abdominal pode fazer 
lipoaspiração e a abdominoplastia simultaneamente, corrigindo os 
dois problemas. “A lipoaspiração do dorso e da cintura é frequentemente 
associada a essa cirurgia, melhorando muito os resultados com a definição 
da cintura. Somente a porção anterior do abdome não pode ser lipoaspirada 
simultaneamente, devido ao risco de interrupção do suprimento sanguíneo 
dessa região com necrose da pele. A lipoaspiração de outras áreas, como 
coxas e culotes, também pode ser associada”, diz a especialista.

Pós-operatório

De acordo com Dra. Maria Carolina, o paciente pode retornar às atividades 
profissionais e sociais cerca de três semanas após o procedimento, porém 
com repouso relativo. Uma atividade física leve, como caminhadas, pode 
ser inserida após quatro semanas, quando não há mais necessidade do uso 
da cinta modeladora. Após seis semanas, pode-se iniciar exercícios com carga.
Os cuidados que devem ser tomados após a cirurgia são o controle do 
peso, através de hábitos alimentares saudáveis e atividades físicas regulares 
que combinem exercícios aeróbicos com musculação ou similar, tratamento 
da pele, com hidratação e fotoproteção, e tratamentos estéticos.
Fonte:


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Papo sério

Infectologista fala sobre como a sífilis afeta o corpo, principalmente o do soropositivo.


por Redação MundoMais





Quando se fala em sífilis, parece algo que ocorria há séculos, com os escritores românticos, nada atual. Mas infelizmente isso não é verdade, uma vez que a doença está cada dia fazendo mais vítimas e, para quem já tem HIV, pode danificar e muito o tratamento com os antirretrovirais.
Infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, referência no tratamento de HIV/AIDS no Brasil inteiro,Ralcyon Teixeira esclarece que é preciso tomar cuidado em todos os tipos de relação sexual – e reforça que a camisinha ainda é muito necessária, indispensável. “Com camisinha diminui a sensibilidade, mas é o que tem de melhor, tem que usar, inclusive no sexo oral também. Ou então não faz sexo”, sentencia.
Na entrevista a seguir, ele fala sobre como a sífilis se manifesta, como ela ataca o sistema imunológico de soropositivos e critica a educação brasileira, católica, atrasada, que não abre o diálogo para se falar sobre doenças sexualmente transmissíveis. Confira, e cuide-se:

Como uma DST pode piorar a vida de quem já tem o HIV?

O que é importante focar, que assusta a gente de maneira geral, é essa falta de preocupação com as DST. Depois que a pessoa já sabe que está infectada pelo HIV ela tem duas maneiras de se comportar: uma ela passa a ser um exemplo e muda totalmente a vida, passa a comer melhor, vai para a academia, come só comida saudável, passa a se cuidar mais. E tem outro grupo que já está com HIV e pensa de duas maneiras: agora se eu pegar DST não tem problema, eu já tenho HIV; e tem outro grupo que é pior, que é pequeno, ainda bem, que acha que se passar HIV para outra pessoa tudo bem. Isso é complicado também. Tem a intenção de passar o HIV. Falando da DST, o que nos preocupa são essas pessoas que já têm o HIV e são contaminadas. Está havendo uma falha de entendimento aí sobre o que é DST, como se contamina. Mais pela sífilis, a sífilis hoje voltou com uma força muito grande.

Quando a gente fala em sífilis parece uma coisa da época de Dom Pedro.

Parece sim, aquela fase onde ou você tinha sífilis ou tinha tuberculose. Mas ela voltou com força, cada vez mais. Está havendo um erro no entendimento sobre o que é ter uma relação sexual. Quando a gente atende a gente conversa, estimula o paciente soropositivo a ter relação sexual, não ficar travado sexualmente. Aí quando ele é contaminado por outra DST a gente dá um puxão de orelha e pergunta do preservativo. Ele diz que usou, mas aí você pergunta: e o sexo oral? O paciente dá aquela parada, engole seco. Ele não reconhece que o sexo oral também é sexo, também transmite DST. Usar camisinha no sexo oral não é uma bobagem, é uma necessidade. Tem que usar. Senão não faz porque tem essa transmissão pela boca. Tanto de alguém que está com uma lesão no pênis ou alguém que está com uma lesão na boca. Naquela brincadeira preliminar sem camisinha também pode transmitir se a pessoa tiver alguma lesão no ânus ou no pênis pode passar. Então a transmissão da sífilis é por contato íntimo, não necessariamente sexual. Em uma preliminar mais forte, se a pessoa estiver com a úlcera, você pode pegar. A sífilis aparece como uma feridinha indolor no pênis. Então a pessoa fica naquela de “será que é?”. Se o paciente não procurar o médico essa ferida vai sumir e ele vai achar que não era nada. Quando você tem a sífilis piora muito o tratamento do HIV porque o vírus do HIV invade uma célula de defesa, quando você pega alguma infecção que estimula essa célula o HIV pode sair de controle, pode aumentar a carga viral, aumentando a carga viral a imunidade pode cair mais. Se você não diagnosticar e não tratar corretamente a sífilis, pode piorar o HIV. A sífilis diminui a quantidade de células CD4 e aumenta a carga viral. O paciente que tem HIV e pega sífilis tem mais chance de ter uma complicação que é a neurossífilis, que é quando a bactéria vai parar na meninge, no cérebro, no sistema nervoso central.

Como ela se manifesta?

Pode ser assintomática, que é muito perigosa. Então existe uma discussão entre os médicos que se todo paciente HIV diagnosticado com sífilis tem que colher o líquido da espinha, o liquor, para fazer exame. Mas alguns pacientes têm sintomas como dor de cabeça, visão embaçada, isso já é um indício para o médico colher o líquido da espinha para ver se a sífilis não foi parar no sistema nervoso.

E se foi parar no sistema nervoso?

Aí é um tratamento com o paciente internado de 10 a 14 dias. Tomando antibiótico de quatro em quatro horas. Duas semanas que o paciente perde da vida dele tomando remédio para ele não ter no futuro uma demência, ficar esquecido, desenvolver uma doença psiquiátrica – às vezes tem - relacionada à sífilis. Não dá para brincar, pode ser só uma simples benzetacil, mas pode ter que ficar internado. A maioria das pessoas não sabe disso, e a sífilis está vindo com muita força.

E qual é a primeira manifestação da sífilis?

Ele vai notar uma lesão, uma úlcera, geralmente no pênis. Aparece de duas a três semanas depois da infecção. Mas pode aparecer em outros lugares, no ânus, na boca. Essa lesão não é tão profunda e não dói. A pessoa pode ficar achando que machucou, esfolou em uma relação mais forte. Essa lesão desaparece sozinha e não deixa marca. Em média, 60% das pessoas lembram que tiveram essa lesão, as outras 40% não lembram, não sabem como pegaram. Essa lesão cicatriza e, dependendo da sua relação com essa bactéria, ela pode aparecer de outra forma. Tem uma forma que é a secundária, que aparece de dois a três meses depois da infecção, a pessoa fica com a pele vermelha, com pintinhas que também pegam a mão e o pé – coisa que não costuma aparecer com outras doenças -, com febre, crescem gânglios no pescoço. Se a pessoa não ficar alerta pode passar como um simples resfriado ou uma alergia ou coisa assim. Aí ela vai ficar boa de novo, depois de alguns anos essa pessoa pode ter uma complicação da sífilis: ou um quadro de alteração no coração, em que inflama uma veia super importante, a artéria de onde sai do coração o sangue com oxigênio, chama aorta, isso se chama ortite pela sífilis. No cérebro pode ter alteração no vaso sanguíneo, pode parecer que a pessoa tem derrame. Ou pode também causar doenças psiquiátricas, a pessoa passa a ter demência, psicose, transtorno bipolar em função da sífilis. Em meio a tanto isso, em qualquer ponto, pode-se desenvolver aquela inflamação no cérebro que é a meningite pela sífilis, em qualquer momento. Geralmente aparece nesse começo depois da contaminação, mas não tem uma ordem. É a DST mais prevalente.

Então, de um modo geral, o soropositivo que contrai uma DST tem seu sistema imunológico atacado?

Todos. A matéria é para quem já tem HIV, mas o contrário também acontece: se a pessoa tem uma DST, ela tem uma chance maior de ter o HIV. A pele dela, a mucosa, está afetada, é mais fácil de o HIV entrar no organismo. Para quem tem HIV, qualquer infecção que pegue a mais pode piorar a imunidade, porque ativa a célula de defesa. Só que ao mesmo tempo em que você ativa a célula de defesa você ativa um vírus, porque o vírus fica dentro da célula. Aumentando o vírus, diminui a quantidade de imunidade.

Tem que usar camisinha sempre então.

Vale a consciência, ter relação saudável. É preciso melhorar a prevenção, conversar abertamente. Com camisinha diminui a sensibilidade, mas é o que tem de melhor, tem que usar, inclusive no sexo oral também. Ou então não faz sexo. As pessoas ainda desconhecem coisas básicas sobre DST. A gente atende gente que diz que nunca ouviu falar sobre DST. Não é possível que em 2013 um jovem que tem acesso à internet nunca ouviu falar sobre isso. Camisinha sempre! É importante se olhar também, se perceber alguma alteração no corpo é preciso procurar um médico o mais rápido possível, é de graça e não precisa ter vergonha. Prevenir ainda é melhor do que tratar. Os dados estão cada vez mais assustadores, estamos errando na prevenção. Ainda é muito ruim com essa coisa de ser um país católico e evangélico, que proíbe a camisinha. Na escola ou não se pode falar sobre o assunto ou não tem gente preparada para isso. E no meio gay a educação sexual é mais complicada ainda, porque não houve diálogo nenhum. A pessoa está cheia de dúvidas e não sabe nada porque não tem como falar sobre o assunto por causa do preconceito.

Fonte:

domingo, 22 de dezembro de 2013

Livre-se dos excessos!
Cirurgião plástico aponta cinco aspectos da beleza mais comprometidos pelos maus hábitos.
por Redação MundoMais.


Se tem algo muito presente na vida dos jovens são as baladas. Eles se reúnem com cada vez mais frequência nos bares próximos às faculdades, nos postos de gasolina, nos bairros com tradição boêmia, e depois esticam nas baladas até amanhecer. Detalhe: essa rotina está disponível de segunda a segunda. Mas, o que faz parecer uma vida cheia de emoção, representa, na verdade, um grande risco a essas pessoas – que provavelmente terão problemas de saúde muito antes do que seus pais.

Também a aparência pode ser bastante comprometida, resultando em milhares de jovens adultos envelhecidos precocemente. O cirurgião plástico Vitorio Maddarena Junior, diretor da Clínica Maddarena, em São Paulo, e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), aponta cinco dos maiores ‘estragos’ que o excesso de cigarro, álcool e noites mal dormidas podem causar à aparência.

1. Olheiras e bolsas sob os olhos. 

“O primeiro sinal de uma noite mal dormida aparece no rosto. Normalmente, ficam mais evidentes olheiras e bolsas palpebrais. Se essa rotina se repete com alguma regularidade, os efeitos não costumam desaparecer com facilidade – nem quando a pessoa dorme além da conta para compensar. Um estudo da universidade norte-americana Johns Hopkins revela que os fumantes têm uma tendência quatro vezes maior de se sentirem cansados mesmo após terem dormido a noite inteira. Se, além de não dormir bem e fumar, a pessoa também costuma ingerir álcool regularmente, o inchaço poderá ser percebido não apenas nos olhos, mas no rosto todo. Por isso, além de evitar uma vida de excessos, os jovens devem dormir pelo menos sete horas por noite se quiserem evitar o envelhecimento precoce.”

2. Pele sem brilho e ressecada. 

“O álcool desidrata o organismo, tendo efeito altamente prejudicial sobre o maior órgão do corpo humano: a pele. Com o tempo, ele priva a pele de nutrientes e vitaminas (principalmente a vitamina C) – acelerando o processo de envelhecimento. Já com relação ao fumo, existe até uma expressão para descrever o conjunto de características faciais que incluem rugas, sulcos, falta de brilho e tonalidade acinzentada da pele: ‘rosto de fumante’. O monóxido de carbono presente na fumaça do cigarro atua na redução do fluxo sanguíneo, deixando a pele seca e descolorida.”

3. Manchas e marcas na pele. 

“O cigarro faz com que manifestações de doenças autoimunes, como a psoríase e a dermatite atópica, ocorram com mais frequência, fazendo com que manchas e marcas estejam cada vez mais presentes e visíveis na pele das pessoas. Obviamente, mesmo entre os jovens mais descolados, isso acaba constrangendo em alguma medida, limitando o uso de saias, bermudas e braços à mostra. Até mesmo as estrias são mais visíveis em pacientes fumantes. Já quem sofre de rosácea e ingere álcool em grandes quantidades costuma ter crises mais frequentes da doença, desencadeando o surgimento de manchas avermelhadas na região central do rosto.”

4. Rugas e pés-de-galinha. 

“Jovens fumantes, principalmente aquelas que também fazem uso de álcool e contraceptivos orais, costumam ter a aparência envelhecida antes de suas colegas que levam uma vida saudável. Enquanto, aos 80 anos, as pessoas trazem ‘rugas de sabedoria’, as moças nessas condições demonstram não serem regidas pela sabedoria. O fumo acelera o envelhecimento, prejudicando o suprimento de sangue que mantém o tônus da pele e fazendo com que a menina pareça mais velha que suas amigas não-fumantes da mesma idade. Mas esse quadro pode piorar se a paciente estiver acostumada a virar noites em claro, dormindo menos do que o necessário. A falta de sono, assim como o estresse, leva o corpo a produzir um hormônio chamado cortisol que eleva os níveis de açúcar no sangue. Além dos evidentes danos à saúde – principalmente ao coração – também pode acelerar o processo de envelhecimento, comprometendo o colágeno responsável por uma pele firme e sem rugas.”

5. Recuperação pós-cirúrgica mais lenta e problemática.

 “A nicotina causa vasoconstrição, que é o estreitamento dos vasos sanguíneos, limitando o fluxo de sangue rico em oxigênio para pequenos vasos no rosto e no corpo. Isso sinaliza que o tempo de cicatrização de um fumante é sempre maior do que o de um não-fumante. Por isso, além de normalmente necessitar recorrer a técnicas de cirurgia plástica antes dos demais, o fumante enfrentará mais problemas na cicatrização. Até mesmo cirurgias odontológicas e procedimentos periodontais acabam impondo mais sofrimento a esses pacientes. O quadro, certamente, será ainda pior se agravado pelo álcool e pela falta recorrente de sono. Os fumantes têm doze vezes mais chances de apresentar complicações em procedimentos cirúrgicos do que os não-fumantes. Por isso, quando o paciente não consegue parar definitivamente de fumar, cortar o cigarro um mês antes da cirurgia e um mês depois contribui ao menos para evitar problemas relacionados a anestesia, trombose e embolias.”

Fonte:

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Um milhão de mortos

A matemática assusta: as guerras em curso no Iraque, no Afeganistão, na República Democrática do Congo, na Somália, na Palestina, no Sudão, na Colômbia, no Paquistão e no Nepal, em conjunto, somaram 147.120 homicídios entre os anos de 2004 e 2007. Segundo o Centro Brasileiro de Estudos Latino Americanos, no mesmo período o Brasil registrou quase o mesmo número de mortes por arma de fogo - 147.373 .

POR RENATO BAZAN



A história por trás das estatísticas é a de uma tragédia silenciosa. Com 1,09 milhão de homicídios entre 1980 e 2010, o Brasil tem uma média anual de mortes violentas superior à soma dos 12 maiores conflitos armados do mundo, de acordo com o Instituto Sangari. Embora o assassinato de Amarildo de Souza tenha reacendido o debate nacional sobre a violência contra os mais desfavorecidos, ele não é de nenhuma forma um caso excepcional - de fato, segundo os números, os últimos 30 anos foram pontilhados por casos de igual violência a cada 14 minutos, ininterruptamente, 24 horas por dia.
Entre histórias de chacina e tortura, alguns eventos ainda se sobressaem: a desfiguração de Robson Silveira da Luz, em 1978, cujo conhecido torturador virou símbolo da impunidade; o dentista Flavio Santana, em 2002, extorquido e assassinado por PMs que foram condenados, mas nunca cumpriram pena; a tortura, estrangulamento e morte dos motoboys Eduardo Pinheiro dos Santos e Alexandre Santos, enforcados diante da mãe; o massacre do Carandiru, do qual o comandante ganhou projeção para se eleger deputado federal sobre 111 cadáveres; o extermínio infantil da Candelária, cujas crianças ninguém se prestou a acolher. As comoções que despertaram, mesmo que barulhentas, nada fizeram por futuras vítimas.
Dentro desse universo de dor, a análise fria dos registros descreve uma realidade ainda mais sombria para os negros de todo o país. Por causa da inclusão de dados raciais nos atestados de óbito a partir da década de 2000, é possível agora observar a distribuição da mortalidade entre cores, e as tabelas não mentem: como se imaginava, a principal vítima da violência é o negro, a despeito das melhorias recentes do país em muitos indicadores. Se ele for pobre, jovem e morador de grandes cidades, chega a correr 10 vezes mais risco de vida.

UM ABISMO que cresce

O número de homicídios sobre os afrodescendentes cresceu assustadoramente 

ao longo da década passada, como aponta o “Mapa da Violência” da Secretaria 
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). Enquanto o ano de 
2002 viu 26.951 negros serem atingidos pela violência, em 2010 essa 
quantidade foi a 34.983 – um aumento de 29,8% em apenas oito anos. 
Por outro lado, o mesmo período viu uma redução de 25,5% nas mortes 
de brancos e asiáticos. A dúvida suscitada é fulminante: como podem 
existir, num mesmo país, duas realidades tão opostas?

O abismo de segurança pública que cresceu entre as raças nesse período é ainda mais pronunciado entre os jovens, historicamente mais expostos à violência. Por causa dessas duas tendências contraditórias, hoje, 3 em cada 4 jovens assassinados são negros. O quadro para a população geral, no entanto, não é menos preocupante, com 5 a cada 7 vítimas de violência fatal sendo afrodescendentes. Proporcionalmente, a vitimização da população negra segue uma tendência de piora em todos os sentidos - para cada branco, 2,3 negros morreram pelo mesmo motivo em 2010.

Essas situações são compostas em cima de um cenário já mortífero para a média dos brasileiros. O Brasil é o país com maior número de mortes por armas de fogo e 8º no ranking das taxas de homicídio em todo o mundo, segun- UM ABISMO que cresce do as Nações Unidas. Com mais de 15 milhões de armas em circulação, o país consegue perder a cada ano três vezes mais cidadãos para a pólvora do que para a AIDS, considerada uma das piores pandemias das décadas recentes.

Aos negros, resta saber que estão duas vezes mais propensos (132,2% mais, exatamente) às mortes violentas desse território já violento. Olhando para o quadro mais amplo da barbárie, só em uma das capitais do país estão relativamente mais seguros que os brancos: em Curitiba, a taxa de homicídios de negros foi 50% menor que a dos homicídios brancos em 2010. Com a exceção do Paraná - cujas mortes de brancos superam as de negros apenas por causa de uma escalada dramática da violência local -, é incontestável que esta é uma nação onde morrem mais negros do que brancos. Às vezes, muito mais.

RACISMO institucional
Diante desse quadro agravado de violência, há muitos dentro do movimento negro que caracterizam o atual cenário como um real “genocídio afrodescendente”. É o caso de Joselício Junior – o Juninho –, jornalista e membro da coordenação do Círculo Palmarino: “Percebemos que extermínio direto 
e indireto, encarceramento em massa e processos de remoção de comunidades produzem o que chamamos de ‘faxina étnica’ do povo negro, que é o setor da população brasileira em maior 
situação de vulnerabilidade ao longo de toda a história do nosso país”, explicou à Raça. 

Na interpretação de Juninho, o entrelaçamento entre idade, condição social e cor da pele 

com os picos estatísticos de mortalidade não são acaso, mas fruto direto de séculos de 
ostracismo e repressão. “Nem em países que estão em guerra se mata tanto quanto no Brasil. 
Em um Estado de bem estar social mínimo, é preciso Estado policial máximo”, acrescenta.
A denúncia da violência contra o negro vem muitas vezes ilustrada nesse paralelo com o 
aparato estatal de segurança. Douglas Belchior, professor e coordenador da UneAfro, é rápido 
em ligar os pontos: “O governo persiste com a mentalidade da ditadura quando o assunto 
é polícia. No ano de 2011, só a PM matou 42,5% a mais do que as penas de morte em 
20 países”, conta. Ele se apoia em estatísticas respaldadas pelo próprio governo – apenas 
em São Paulo, por exemplo, foram registrados mais de 300 casos de “resistência seguida 
de morte” pela Polícia Militar naquele ano.

Também nesses casos, é o negro o cidadão visto como suspeito preferencial. Um extensivo 

estudo feito pelo Major Airton Edno Ribeiro sobre sua própria corporação mostrou, em 2010, 
que o modus operandi dos policiais militares é aguçado desde o primeiro dia de treinamento 
contra a população negra, pobre e moradora das periferias. Entre as páginas de sua tese 
de mestrado, encontram-se algumas constatações de peso: “o destino do negro é ser abordado”, 
escreve ao analisar os critérios para tipificação de suspeitos; “negros esclarecidos irritam a Polícia”, dispara, mais adiante, sobre os casos de cidadãos que souberam responder a abusos de poder; 
“o policial negro não se sente negro”, diz, sobre o corporativismo virulento da instituição. 

De forma perene, Ribeiro prova por análise aquilo que os negros já sentem na pele.

O caldo de cultura para a violência contra o negro é reforçado ainda pela incompetência 
da própria Polícia Militar em exercer sua função. Além da mentalidade de violência gratuita, 
dos inúmeros casos de abuso de poder e do corporativismo que rege a atividade de boa parte dos policiais, o índice de elucidação para crimes de homicídios é patético: entre 5% e 8%, segundo a Associação Brasileira de Criminalística. Esse mesmo quesito, em países como Estados Unidos 
e Inglaterra, flutua entre 80 e 90%, e sua falência generalizada em terras brasileiras dá espaço 
para uma dupla violência contra o negro: se por um lado a impunidade garante que bandidos 
e policiais continuem a vitimar afrodescendentes (e todo o resto da população, é bom lembrar), 
por outro facilita em muito o forjamento de falsas confissões e o aprisionamento de inocentes.

“O fato de termos poucos juízes negros cria uma carga cultural desfavorável ao negro, quando 

ele chega ao tribunal. O juiz às vezes nunca conviveu com um - provavelmente a única pessoa 
negra em sua vida era a empregada - então é certo que o julgará com desprezo”, argumenta 
Douglas Belchior. Novamente, uma olhada nos números reforça esta linha de análise: a 
probabilidade de um negro estar entre os 500 mil detentos atuais é 3 vezes maior do que a 
de um branco, mas centenas de vezes menor para estar num cargo elevado do Judiciário. 
Em que pese o fato de que existam mais negros pobres do que brancos pobres - e, portanto, 
que estejam mais pressionados a cometer algum crime -, a desproporção indica, no mínimo, 
que as políticas para prevenção ao crime falham de forma retumbante junto à população negra.


Fonte: Centro de Vigilância Epidemiológica/ Centro de Controle de Doenças do Estado de São Paulo.



CULTURA DE VIOLÊNCIA E ABANDONO

Colocar o negro no papel de vítima da violência óbvia, contudo, não traduz a real 

hostilidade que este extrato da população enfrenta na sociedade, pois ignora o dano 
causado pela ausência dos direitos. No panorama geral, a incompetência da polícia e 
do aparato judiciário são apenas parcela do total de mortos nacional. Aqueles 324 autos de resistência do estado de São Paulo mencionados parágrafos atrás, apesar de horrorizantes, 
são pequena parcela perto dos 4.626 cadáveres contados pelo Ministério da Justiça 
no mesmo período, na mesma região.

Em um país no qual o índice de homicídios aumentou 326% em 20 anos, fica fácil entender porque a segurança privada se tornou maior do que a força policial. Fica fácil, também, entender porque um 

enviado especial da ONU classificou o senso comum brasileiro como uma “forte cultura de violência”, ao inspecionar o país sobre o tema. Em 2008, o doutor Philip Alston escreveu para as Nações Unidas: “as execuções extrajudiciais e a justiça dos vigilantes contam com o apoio de uma parte significativa da população, que teme as elevadas taxas de criminalidade e percebe que o sistema de justiça criminal é demasiado lento ao processar os criminosos. Muitos políticos, ávidos por agradar um eleitorado amedrontado, falham ao demonstrar a vontade política necessária para refrear as execuções 
praticadas pela polícia”.

A conclusão de Alston foi de que a sociedade brasileira, como um todo, endossa a prática 

do assassinato como forma de controle do crime, independente de quantos inocentes possa 
carregar nesse processo e dos motivos que levaram os infratores ao crime. Da mesma forma, 
o Ministério da Justiça chegou a uma resposta semelhante em um estudo concluído este ano, 
anotando que “uma parte substancial [dos assassinatos] deve-se a vinganças pessoais, violência doméstica, motivos banais”, e que “um alto percentual de crimes praticados com armas de fogo 
se dá em situações cotidianas (brigas entre vizinhos, violência doméstica etc)”. De um lado e 
de outro, o brasileiro é retratado como um sujeito altamente propenso à violência e ao justicismo 
fácil, cuja moral cinzenta cai bem no imaginário coletivo.

Se esse comportamento é causa ou sintoma, no entanto, é uma discussão que merece ainda

mais atenção. A vilanização do senso comum brasileiro não explica tudo, pois esse 
recrudescimento de caráter não se dá de forma gratuita - como anota o dr. Alston, 
acontece por medo do crime e ressentimento com o sistema de Justiça. O tema em debate, 
no final, volta ao papel do governo na construção da cidadania, e o seu fracasso em fornecer 
os direitos mínimos, que dá origem ao caos social. “O Estado patrocina a violência”, disse 
Juninho sobre o assunto. “O projeto de sociedade do século XIX e XX foi construído de forma 
a negar a cidadania do negro, do pobre, e usa a polícia para manter as coisas funcionando 
para os ricos. Um exemplo disso é o aumento na atividade da ROTA, em São Paulo, depois 
que as reformas neoliberais fecharam parte da indústria local”, explicou. A mesma linha 
de pensamento justificaria o sucateamento dos sistemas públicos de ensino e de saúde, 
vitimados por um governo em crescente romance com o capital financeiro e com metas 
de austeridade fiscal muitas vezes inatingíveis.

Discussões macroeconômicas à parte, há outras formas de enxergar o racismo inculcado na falta de serviços básicos do cotidiano. As causas de morte explicadas do ponto de vista médico, por exemplo, contam uma história que escancara as diferenças entre brancos e negros, e de como 

a formação de guetos interfere no trabalho dos servidores da saúde. Em 2004, 
os doutores Luís Eduardo Batista, Maria Mercedes Escuder e Júlio César Pereira 
publicaram um estudo no qual associavam óbitos e raça/cor, e o resultado foi 
contundente: enquanto pessoas brancas morriam majoritariamente por doenças 
genéticas e causadas por maus hábitos, negros eram vitimados primariamente por transtornos comportamentais, doenças infecciosas e parasitárias e “causas externas” - exatamente os tipos de enfermidades que seriam mais facilmente controladas em instalações médicas 
adequadas, normalmente concentradas em bairros ricos. Mulheres, em particular, expressavam essa realidade de forma trágica, com negras grávidas morrendo 6,4 vezes mais que brancas durante complicações no parto.

Diante dos dados, o trio de cientistas chegou a profetizar o que veríamos ao longo da década de 

2000, prevendo que “a disseminação [populacional] e a interiorização têm como consequência 
o deslocamento dos polos dinâmicos da violência”, e que, por isso, “em menos de uma 
década as taxas [de mortalidade] do interior deverão ultrapassar as das capitais e regiões 
metropolitanas país”. Levando-se em conta que os cinco municípios com as maiores taxas 
de homicídios brasileiras são todos do interior, parece que acertaram em cheio.

AS ZONAS DE PERIGO
SER NEGRO EM ALGUNS ESTADOS BRASILEIROS CORREPONDE A 1.700%
A MAIS DE CHANCE DE MORRER DO QUE UM BRANCO. VEJA OS ESTADOS E
AS CIDADES ONDE O NEGRO É MAIS VÍTIMA DA VIOLÊNCIA

PANDEMIA DE MORTE


Em uma visão global, portanto, poderia se argumentar que as taxas elevadíssimas de mortes de negros no Brasil são resultado da ineficiência e incompetência dos governantes para junto dos pobres, e não de um extermínio racional e seletivo. Ao invés do “genocídio afrodescendente”, teríamos uma “pandemia de morte”. Essa é a interpretação que o Centro Brasileiro de Estudos Latino americanos dá aos casos de morte por arma de fogo, pelo menos em seu mais recente trabalho sobre homicídios violentos, e para isso fazem uma comparação interessante: pondo a AIDS e as armas lado a lado, o Centro descobriu que a pólvora mata os jovens brasileiros com 14 vezes mais frequência que a pior das DSTs. Homicídios, na visão deles, deveriam ser tratados como caso de saúde pública.

Este é possivelmente o caso de Maceió, capital com a maior diferença entre as taxas de homicídios entre brancos e negros (2500%). A corrente de acontecimentos seguiria assim: o aumento populacional rápido e desacompanhado da oferta de serviços básicos criou, em um curto espaço de tempo, uma multidão de cidadãos sem acesso aos mínimos direitos de saúde e educação, que recorreu à criminalidade para sobreviver. Rotas de tráfico e contrabando se formaram, gangues se organizaram, a polícia ficou mais violenta, hospitais e escolas superlotaram, o racismo latente foi acordado. Em todos os flancos, o Estado não foi capaz de acompanhar o inchaço e perdeu o controle da situação, resultando em uma explosão no número de mortes violentas.

"AS POLÍTICAS SOCIAIS APRESENTADAS NOS ÚLTIMOS 10 ANOS VÊM MOSTRANDO O SEU LIMITE, POIS TENTARAM EQUILIBRAR UMA PEQUENA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA COM A MANUTENÇÃO DA POLÍTICA MACROECONÔMICA DO PRIVILÉGIO DO CAPITAL FINANCEIRO E DO AGRONEGÓCIO"

“As políticas sociais apresentadas nos últimos 10 anos vêm mostrando o seu limite, pois tentaram equilibrar uma pequena distribuição de renda com a manutenção da política macroeconômica do privilégio do capital financeiro e do agronegócio. O resultado disso é endividamento dos trabalhadores, pois se aumenta o crédito sem aumento da renda. Além disso, houve um encarecimento nos produtos da cesta básica, e a cada mês a população compra menos e paga mais. Temos nas cidades o desafio da mobilidade urbana e do transporte coletivo, grande tema das mobilizações que ocorreram no mês de junho, e tantos outros. Essas tensões sociais atingem brutalmente a população negra e acabam contribuindo para o aguçamento da violência”, diagnosticou Juninho.
Se essa interpretação é correta, a tática menos eficiente é a da contenção da violência por meio da polícia. Se o extermínio dos negros e pobres é, de fato, uma consequência pandêmica de um estado de abandono, a boa lógica indicaria a cura pela atenção: distribuição de renda mais igualitária, acesso pleno a educação de qualidade e saúde adequada, ofertas de desenvolvimento pessoal através do esporte, do lazer e da valorização de eventos culturais. Para os negros, especificamente, a adoção de ações afirmativas e políticas de reparação se apresentam como necessidades para combater a mentalidade ultrapassada do racismo, que serve de alicerce para a vitimização crescente desse grupo.

O PIOR DOS CRIMES
A discussão de termos - “genocídio”, “pandemia”, “extermínio” - é menos importante do que 
a realidade crua das estatísticas. O Brasil é uma nação racista, no qual todos os estados, 
menos um, têm por hábito tirar a vida de mais pessoas negras do que brancas. Analisando 
a história do nosso país, depois da abolição da escravidão não se buscou nenhum mecanismo de integração dessa população. Pelo contrário, se intensificou o processo de exclusão, produzindo 
um abismo econômico, social e cultural entre negros e não negros cujo resultado é uma 
diferença de mais de 100% no índice de mortes violentas. Isso acontece agora, 125 anos depois. 

Em “Direitos Humanos e as Práticas de Racismo”, de Ivair Alves dos Santos, o autor faz uma 

análise do sistema judiciário para concluir que, a cada 17 denúncias de racismo no Brasil, 
apenas uma vira ação penal, entre essas, 92% são enquadradas como injúria, cuja pena 
é praticamente nula. As duas realidades se correspondem: a violência institucional, ativa 
ou passiva, transformou em prática culturalmente aceita a vitimização do negro.

A união entre vulnerabilidade social e a violência dela decorrente não precisa de uma tarja 

de identificação, mas de uma solução que dê conta dessa mortandade seletiva. Vale a pena 
lembrar: no mesmo período em que houve um aumento de 29,8% no número de negros assassinados, brancos viram essa taxa cair 25,5%. Isso indica, de forma inquestionável, que as mesmas 
políticas públicas que protegeram a população branca da morte empurraram os negros para 
ela. Indica que, ao longo da última década, o uso do dinheiro público serviu para tornar a 
violência contra o negro algo progressivamente visto como natural.

Aí está o pior dos crimes. Diante da aceitação passiva da vitimização negra, há justificativas 

mais que suficientes para concluir que o Estado, seja pela ação ou pela falta dela, causou 
um agravamento literal e palpável na violência contra o afrodescendente. Enquanto os 
governantes não perceberem que políticas universalistas não dão conta de reverter esse 
quadro, o que teremos é a repetição dos padrões que nos trouxeram até aqui: o dia-a-dia 
do país com mais mortes que grandes zonas de guerra somadas, e cuja linha de frente é 
composta de jovens negros da periferia.

FONTE:

http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/184/artigo301166-3.asp

domingo, 15 de dezembro de 2013

O último adeus do ILUMINADO ... NELSON MANDELA!



 O Homem
que serviu à humanidade

A coragem e a benevolência de Nelson Mandela caberiam
na personalidade
de um herói de cinema. Seus feitos e brilhantes citações
parecem parte
de um enredo que só pode ter sido inspirado por alguma
divindade africana


POR OSWALDO FAUSTINO E CELSO FONTANA


Imaginemos um filme em que a primeira cena é um belo nascer do sol na savana africana, cortada por um rio caudaloso. Inicia-se uma canção Xhosa, que parte do silêncio e cresce até que, no auge, surge, de repente, a imagem de uma anciã com um bebê nas mãos. Ela o eleva ao alto, entoando um misto de brado e canto: "Rolihlahla!". Imediatamente, com as línguas vibrando uma sonoridade aguda, uma multidão de homens, mulheres e crianças surge de todos os lados e se põe em torno da velha mulher, agitando seus braços erguidos.
O orgulho presente nos festejos daqueles que presenciaram o nascimento de Nelson Mandela certamente se mantém até hoje, multiplicado por milhões de admiradores ao redor do mundo. Na língua Xhosa, "Rolihlahla" é aquele que está sempre à procura de uma boa encrenca. Se encrenca serve como sinônimo de luta, então Mandela não poderia ter recebido nome mais digno, afinal, foi o homem responsável por acabar com a política branca do apartheid, regime que segregou os negros de 1948 a 1994, na África do Sul.

ORIGEM

Rolihlahla Dalibhunga Mandela, um dos 13 filhos de Gaddla Mandela com Nosekeni Fanny, sua terceira esposa, nasceu em 18 de julho de 1918, às margens do Rio Mbashe, próximo de Umbata, no seio da nação Xhosa. Passou seus primeiros anos correndo livre pelas terras de Qunu, uma reserva nativa, onde vive ainda hoje o povo Th embu. Herdeiro direto da casa real do povo liderado por seu pai, chefe do clã dos Mandela, aos 7 anos entrou para a escola primária e recebeu um nome inglês: Nelson. No ano seguinte, perdeu o pai, a quem descreveu como "orgulhoso e rebelde, com um senso obstinado de justiça". Foi então tutorado por seu tio Jongintaba Dalindyebo. A expectativa da família era de que o jovem Rolihlahla herdasse a chefia do povo Th embu. Uma das condições era que se casasse com uma jovem que nem sequer conhecia. Rebelde, fugiu para não se casar.


A PRIMEIRA MÃO BRANCA

Anos antes dessa fuga, sonhando preparar o sobrinho para substituí-lo como líder de seu povo, o tio o levou pessoalmente para matricular-se na escola metodista, dirigida pelo reverendo branco Cecil Harris. Depois de explicar que ele teria seus horizontes ampliados para além dos limites de suas terras e de informar que, após as aulas, ele iria trabalhar no jardim do colégio, o diretor lhe estendeu a mão. Em sua autobiografia, Mandela conta que titubeou a tocá-la, pois jamais apertara uma mão branca. Muitas décadas depois, ao ser libertado após 27 anos de prisão e o fim do apartheid, ele repetiria este gesto, contrariando os que acreditavam que se tornaria um homem vingativo.

Nas primeiras etapas de sua formação, frequentou escolas administradas por religiosos metodistas, dedicadas a uma elite do povo negro sul-africano. Muitos destes aristocratas tornaram-se líderes revolucionários. Na universidade, conviveu com os amigos que, mais tarde, formariam com ele o Congresso Nacional Africano (CNA), partido banido durante o apartheid e que hoje se encontra no poder. Naquela época, participou de uma manifestação universitária contra a má qualidade da comida, que visava boicotar a eleição do conselho estudantil. Acabou sendo eleito pelos colegas para comandar o conselho, cargo que se recusou a assumir. O diretor disse-lhe, então, que só havia duas alternativas: ou assumia o cargo ou abandonava a instituição. Preferiu a segunda.

"DEMOCRACIA COM FOME, SEM EDUCAÇÃO E SAÚDE PARA A MAIORIA, É UMA CONCHA VAZIA"


CASAMENTO ARRANJADO, DE NOVO?

De volta ao lar, foi recebido por um tio enfurecido. Para tornar o retorno ainda mais conturbado, seu primo e amigo inseparável, Justice - filho de Jongintaba -, seguiu os seus passos e também abandonou a universidade. Só uma atitude aplacaria a fúria real: ambos teriam de se casar com duas jovens desconhecidas para atender aos interesses políticos do rei. Se antes isso já era repulsivo para Mandela, na ocasião, havia se tornado impossível, por conta das concepções assimiladas nas escolas religiosas, diferentes dos costumes locais. Novamente, a solução foi a fuga, desta vez para Johannesburgo, a maior cidade sul-africana.

A dupla passou a viver em condições precárias em uma favela no subúrbio de Alexandra, cidade da província de Gauteng. Para se sustentarem, trabalhavam como vigias em uma mina. Obstinados, estudavam Direito à noite. Em 1941, Mandela tornou-se inquilino do líder sindical Walter Sisulu, que o convidou a ingressar para o CNA e lhe arranjou um estágio numa empresa de advocacia. Sisulu declarou: "O CNA sonhava em transformar-se num movimento de massa e, um dia, um líder de massa foi morar em casa".
Ao graduar-se, Mandela se associou a Oliver Tambo, formando o primeiro escritório de advogados negros do país. Por vir da nobreza de seu povo e pelas boas relações entre os reis e os dominadores brancos, ele não tinha se dado conta das grandes diferenças raciais na África do Sul. A realidade em Johannesburgo, porém, abriu seus olhos para a questão.

UM NOVO TEMPO, UM NOVO OLHAR 

O ano de 1944 foi marcante na vida de Mandela, que se casou com Evelyn Mase, parente de Sisulu. A união durou 12 anos e resultou no nascimento da menina Maki, que morreu ainda bebê, do menino Thembi, de outra garota também chamada Maki e, por fim, o caçula Kgatho. No mesmo ano, com Sisulu e Tambo, ele fundou a Liga Juvenil do CNA, que lançou o manifesto "Um homem, um voto", denunciando a ilegalidade da dominação da minoria branca, até então vista com naturalidade. Começou a experimentar a popularidade e suas consequências exatamente nesse período.



Seu discurso, porém, mudou em 1953, quando conclamou ao enfrentamento. No ano seguinte, todos os não brancos oprimidos se uniram no Congresso do Povo, que realizou um grande encontro em Soweto. Apesar da forte repressão, Mandela e Sisulu escaparam ilesos. A grande dedicação à causa de seu povo lhe custou o fim da união com Evelyn, embora o casal tenha permanecido na mesma casa com os filhos até a invasão da polícia, que resultou em sua prisão e na de outras 144 pessoas, todas acusadas de traição.

WINNIE, NO CORAÇÃO CLANDESTINO

Respondendo às acusações em liberdade novamente, Nelson Mandela conheceu a enfermeira Winifred Zanyiwe Madikizela, a Winnie, 16 anos mais jovem. Eles se casaram durante um recesso do julgamento. Da união nasceram duas filhas, Zindziswa e Zenani. Antes, porém, Mandela passou um ano na prisão. Durante esse período, em 21 de março de 1960, ocorreu em Shaperville uma manifestação de cinco mil pessoas contra a Lei do Passe. Em luta com a multidão, a polícia matou 69 manifestantes e feriu aproximadamente 180. Nove anos depois, a ONU decretou o 21 de março como Dia Internacional contra a Discriminação Racial.



Quando Mandela saiu da prisão, se uniu à resistência armada. Tornou-se comandante e chefe do braço armado do CNA, batizado de "Lança da Nação". Entrou para a clandestinidade e só conseguia se encontrar com a esposa de maneira esporádica e às escondidas. Logo começaram os treinamentos paramilitares, além de viagens de Mandela e Tambo a Londres e a vários países africanos. Encontraram-se com líderes como Haile Sellasie, da Etiópia, o herói da resistência contra a invasão italiana a seu país. Ao retornarem, iniciaram as ações guerrilheiras, mas foram presos. Durante o julgamento, Mandela admitiu ter participado de sabotagens. Em pronunciamento que durou quatro horas, disse que estava disposto a morrer pelo ideal de ajudar a construir "uma sociedade livre e democrática, na qual as pessoas vivam juntas, em harmonia e com oportunidades iguais". Em 11 de junho de 1964, os juízes decidiram a pena: prisão perpétua.

A DEPURAÇÃO DO SER

Seus raros contatos com o mundo exterior na prisão da ilha de Robben aconteciam em visitas anuais da mãe, que não entendia sua luta, e de Winnie. Na pequena cela, o prisioneiro 466/64 passou por todas as fases amargas dos sentimentos humanos, do desespero à revolta, do arrependimento à angústia. Mas também, certamente, encontrou em si próprio, como antídoto, a esperança, a busca do autoconhecimento e a certeza de que seus sonhos eram compartilhados por todo o povo sul-africano.

As más notícias se sucediam: a morte da mãe; a do filho Thembi, em acidente de automóvel; o recrudescimento das limitações aos sul-africanos negros; a repressão à revolta de Soweto, em 1976, que resultou em centenas de mortes; e o assassinato, com uma carta-bomba, da parceira de luta Ruth First, que vivia exilada em Moçambique, em 1982.
Após várias transferências de prisão, uma lenta melhora das condições carcerárias foi acontecendo, as visitas dos familiares tornaram-se mais constantes e as notícias da campanha por sua libertação, que Winnie empreendia mundo afora, chegaram aos seus ouvidos.


DE NEGOCIADOR A PRESIDENTE

Mesmo a contragosto dos companheiros do CNA, dirigido por Tambo, que estava exilado na Zâmbia, Mandela começou a negociar sua libertação com o governo de Pieter Botha. No interior do partido, seu gesto foi repudiado, mas o mundo o aplaudia: o City College, de Nova Iorque, lhe concedeu o doutorado em Direito; e a cidade de Olímpia, na Grécia, o título de cidadão honorário. O governo admitia libertá-lo e a seus companheiros presos, caso aceitassem o confinamento no bantustão de Umtata. Recusaram-se. Os assentamentos eram a principal marca do apartheid, e admiti-los significava reconhecer o regime.

Após vários encontros com o próprio Botha, que adoeceu gravemente e foi obrigado a afastar-se do governo, Mandela, também com a saúde debilitada, passou a negociar com F. W. de Klerk, seu sucessor. Finalmente, em 11 de fevereiro de 1990, 27 anos após seu encarceramento, ele se apresentou livre, com o punho direito elevado ao alto, para aclamação da multidão. O gesto se repetiu em outras aparições públicas, com seu brado: "Amandla!" (poder), e a resposta vibrante da massa: "Awethu!" (para o povo).



O líder superstar revelou-se também um grande estadista. "Não há nada como regressar a um lugar que está igual para descobrir o quanto a gente mudou", declarou. Para contragosto dos radicais, o "Amandla" de Mandela não significava a erradicação de seus antigos algozes, mas uma conciliação. A estes, tinha uma única resposta: "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou, ainda, por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender. E se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar". A multidão passou a chamá-lo pelo título honorífico máximo do clã dos Mandela: "Madiba".
Em campanha presidencial e viajando pelo mundo todo, Mandela teve a oportunidade de colocar em prática um de seus pensamentos mais famosos: "Sonho com o dia em que todos se levantarão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos". Foi eleito, em 1993, o primeiro presidente negro da África do Sul, com F. W. de Klerk como vice. Ambos foram agraciados com o Prêmio Nobel da Paz.

"A EDUCAÇÃO É A ARMA MAIS PODEROSA QUE VOCÊ PODE USAR PARA MUDAR O MUNDO"



Durante o processo de divórcio, o coração de Mandela já pulsava no compasso de outra militante histórica pelos direitos humanos, a professora universitária Graça Machel, viúva do primeiro presidente de Moçambique após a independência, Samora Machel, morto em 1986, num acidente aéreo. Em 1998, ela se tornou a primeira dama da África do Sul.

"NÃO HÁ NADA COMO REGRESSAR A UM LUGAR QUE ESTÁ IGUAL PARA DESCOBRIR O QUANTO A GENTE MUDOU"


A experiência de Graça durante os 14 anos em que foi ministra de Educação e Cultura em seu país, foi de encontro aos planos do presidente sul-africano, para quem "a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo". É dele também o pensamento: "Democracia com fome, sem educação e saúde para a maioria, é uma concha vazia".

A principal palavra de ordem do governo Mandela foi conciliação. A Nkosi Sikolele Africa, canção-símbolo do CNA, foi mesclada ao Die Stein, dos antigos dominadores, na formação de um novo hino para o país. Criou-se uma nova bandeira e se mudou a constituição. Mesmo com algumas críticas por reformas estruturais não ocorridas e por uma melhor distribuição de renda - muitas delas feitas por outro combatente do apartheid, o amigo e arcebispo Desmond Tutu -, o presidente conseguiu eleger seu sucessor, Thabo Mbeki. Em 2009, Mbeki foi sucedido por Jacob Zuma, também membro do CNA.

A APOSENTADORIA DO HERÓI 

Quando deixou a presidência da África do Sul, em 1999, Mandela se aposentou. Numa das raras tréguas à vida tranquila da aposentadoria, o herói sul-africano voltou a rugir feito um leão, desta vez contra seu protegido, o presidente Mbeki, que se negou a distribuir os medicamentos de combate ao vírus HIV, mesmo em meio ao crescimento da epidemia de AIDS que, inclusive, vitimara seu filho Kgatho. Essa intervenção interna não foi a única tentativa do grande líder do século XX de mudar a história contemporânea. Externamente, também se manifestou, às vésperas da invasão do Iraque, criticando os EUA e a Inglaterra, e tentando negociar pessoalmente a renúncia de Saddam Hussein. Sua tentativa, porém, foi em vão, e os acontecimentos rumaram para o trágico final.




A expectativa de sua aparição, aos 92 anos, na festa de abertura da Copa do Mundo da África do Sul, em 11 de junho de 2010, no mesmo estádio onde proferiu seu principal discurso após a libertação, foi frustrada pela morte da bisneta Zenani em um acidente de carro, quando retornava dos festejos pelo evento, em Soweto. No encerramento da competição, ele surgiu no gramado, ao lado da esposa, num carrinho elétrico. Acenou para a multidão por apenas três minutos e foi embora.

Após a primeira década do século XXI, Nelson Mandela, que voltou a residir na Qunu de sua infância, revezou períodos de ostracismo com internações hospitalares que atraíram o foco da mídia mundial e geraram grande comoção na população sul-africana. Há muito não se ouve uma única declaração política de "Madiba", que jamais se afastou do CNA. Ele, porém, foi evocado pela líder de um partido recém-surgido no país, o Agang - que em língua Sesotho quer dizer "deixe-nos construir" -, a médica e ex-diretora administrativa do Banco Mundial, Mamphela Ramphele, companheira de luta do mártir Steve Biko e candidata à presidência nas eleições do próximo ano.

No dia 18 de julho, o grande herói negro completou 95 anos de vida internado em um hospital em Pretória, onde está desde o dia 8 de junho, devido a complicações causadas por uma infecção pulmonar. Apesar do estado delicado de saúde, ocorreram várias atividades na África do Sul para celebrar o Dia de Mandela - data oficialmente definida em 2010 em sua homenagem pelas Nações Unidas.


NELSON MANDELA NO BRASIL

Após sua libertação, em 1990, Mandela foi eleito presidente do Congresso Nacional Africano (CNA), o partido das maiorias negras da África do Sul. Em posse desse cargo e já em campanha para a presidência do país, nas eleições que aconteceriam em 1994, ele desembarcou no Rio de Janeiro, em 1º de agosto de 1991, numa visita que durou seis dias e incluiu passagens por ão Paulo e Brasília.


Uma das histórias mais marcantes da visita ao Brasil ocorreu durante sua estadia na capital paulista, quando participou de uma sessão ordinária no plenário maior do Palácio 9 de Julho (que tem o nome Juscelino Kubitscheck), no dia 2 de agosto. A assembleia atraiu grande público nas galerias: eram representantes de dezenas de entidades negras, populares e sindicais de todas as regiões do Brasil. Entre os parlamentares presentes naquela sessão presidida por Carlos Apolinário, estavam Teodosina Ribeiro - primeira mulher negra a exercer o mandato de deputada estadual -, Luiza Erundina, a prefeita de São Paulo na época, e destacaram-se o então deputado Jamil Murad, autor do projeto que criou o SOS Racismo da Assembleia, e o vereador paulistano Vital Nolasco, autor do projeto que concedeu o título de Cidadão Paulista a Nelson Mandela, ambos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). "Enquanto Mandela esteve encarcerado, fizemos um ato em São Paulo para apoiar sua libertação. Personalidades como João do Vale, Beth Carvalho e Martinho da Vila participaram daquela manifestação, que foi a nossa maneira de prestar solidariedade ao povo africano. Tempos depois, quando soube que ele viria para o Brasil, resolvi lhe prestar a singela homenagem. O grande estadista Mandela demonstrou-se extremamente simples, mas com grande convicção de suas ideias. Além disso, o homem esbanjava felicidade", recorda Nolasco, hoje secretário de finanças do PCdoB.

"O GRANDE ESTADISTA MANDELA DEMONSTROU-SE EXTREMAMENTE SIMPLES, MAS COM GRANDE CONVICÇÃO DE SUAS IDEIAS" diz Vital


A deputada Célia Leão, do PSDB, também fez discurso notório. Diversos parlamentares quiseram fazer uso da palavra, mas Mandela estava muito cansado, pois, na véspera, havia participado de diversos eventos e homenagens no Rio de Janeiro, acompanhado pelo governador Leonel Brizola.
Conforme relata o autor Celso Fontana, em seu e-book "... E Mandela presidiu a Assembleia Paulista...", obra que descreve as homenagens ao grande líder sul-africano, "os funcionários dos vários setores da Assembleia, em especial os envolvidos na recepção e nos trabalhos de plenário, estavam visivelmente emocionados". A associação e o sindicato dos funcionários da Assembleia, Afalesp e Sinfalesp (atual Sindalesp), apoiaram a homenagem. A Coordenadora do Quilombhoje Literatura, Esmeralda Ribeiro, recebeu os cumprimentos em nome dos artistas que se apresentaram durante o evento. Por fim, Mandela presidiu, simbolicamente, a Assembleia Paulista.

Fonte:



'Descanse em Paz Mandiba'


 


* 1918  + 2013












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Irdeb TVE

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