Entre os quatro líderes religiosos homenageados, somente o padre Gaspar Sadoc, por motivo de saúde, não compareceu ao evento. Os demais fizeram-se presentes como a ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, o médium e líder espírita José Medrado e o pastor evangélico Djalma Torres.
Aos 86 anos, Mãe Stella levantou a plateia ao entoar um cântico em idioma yorubano. “O trabalho deve durar até todos se conscientizarem de que o respeito às diferenças precisa ser cumprido”, disse.
Para José Medrado, a abordagem sobre a intolerância precisa sair do discurso. “Os líderes religiosos devem servir de exemplo para quebrar esse processo, já que a prática intolerante é cometida pelos seguidores”, avaliou.
Poder público - Autora do Projeto de Lei 6.464/04, que instituiu o marco para o Dia Municipal de Combate à Intolerância Religiosa, a ouvidora-geral da Câmara de Vereadores, Olívia Santana (PC do B), disse estar realizada com o caminho que Salvador trilha para o respeito às diferenças de culto.
“É um dia que fortalece a causa da paz e da boa convivência entre os inúmeros segmentos de fé, uma vez que diversidade religiosa é um direito assegurado pela Constituição”, afirmou a vereadora.
A proposta municipal foi levada ao Congresso pelo deputado federal Daniel Almeida (PC do B), convertendo-se na Lei 11.635/07, que demarca a data no Calendário Cívico da União. “O que demonstra uma estreita cooperação na defesa dos direitos humanos, sobretudo”, concluiu o procurador-geral da República Domênico Espinheira.
No dia da culminância do projeto, participantes de diversas matrizes religiosas se encontrarão na Reitoria da UFBA para uma manhã de celebração e reflexão sobre o tema. Autora do Projeto de Lei que instituiu o 21 de janeiro, como Dia Municipal de Combate à Intolerância Religiosa, a ouvidora-geral da Câmara, vereadora Olívia Santana (PCdoB), defende a iniciativa e ressalta a importância da celebração.
“A luta contra a intolerância religiosa é diária. Mas, a demarcação de um dia é também muito importante para que o assunto seja colocado em discussão. Esta data carrega um enorme simbolismo para aqueles que lutam pela liberdade religiosa. 21 de janeiro foi o dia em que Mãe Gilda deixou de estar conosco, mas é também o dia em que nos tornamos mais fortes para enfrentar esta terrível mazela”, declarou Olívia.
A vereadora esclarece que o projeto, que envolve a veiculação da campanha publicitária e o ato ecumênico, tem como principais objetivos o estabelecimento do diálogo entre as religiões, a promoção do respeito à diversidade religiosa e a liberdade de credo, além da afirmação da laicidade do Estado. “O resultado que se espera de uma ação como essa, é de que mais um passo seja dado para a superação da intolerância religiosa. Que se possam estabelecer relações respeitosas e harmoniosas entre as religiões, e que avancemos democraticamente na afirmação do Estado laico”, pontuou Olivia.
Um concerto da Orkestra Rumpilezz, sob o comando do maestro Letieres Leite, animou a celebração do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, que aconteceu neste sábado (21/01), no Salão Nobre da Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), O evento, que é parte do projeto “Unidos Contra a Intolerância Religiosa”, uma iniciativa da Ouvidoria da Câmara Municipal de Salvador, em parceria com o Centro de Educação e Cultura Popular (Cecup) e a União de Negros pela Igualdade (Unegro), homenageia o Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja Unde, também conhecido como Roça do Ventura, pela luta que vem travando contra a intolerância religiosa.
A Roça do Ventura, de tradição jeje-mahi, é um dos mais antigos terreiros de candomblé do país. Situado no município de Cachoeira, a 110 km de Salvador, o terreiro enfrenta, desde 2010, uma batalha contra a invasão das suas terras. Em setembro daquele ano, um empresário que alega ter posse de parte da propriedade, ordenou que máquinas “limpassem” o terreno, destruindo árvores centenárias e sítios sagrados para os cultos religiosos.
“A luta que a Roça do Ventura vem travando, com apoio dos ministérios públicos estadual e federal, e de entidades da sociedade civil, se tornou um novo ícone do combate à intolerância religiosa. Por isso, achamos mais do que justa esta homenagem”, destaca a ouvidora-geral da Câmara, vereadora Olívia Santana (PCdoB), responsável pelo tributo.
“Precisamos fazer com que cada vez mais pessoas tenham acesso a esta questão e reflitam sobre a intolerância religiosa. Vivemos em um Estado laico e precisamos fazer valer o direito à liberdade religiosa. Acreditamos que, com a campanha, damos mais um passo neste sentido”, avaliou Olívia.
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