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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Ontem; reabertura da Igreja Rosário dos Pretos


Ela foi erguida fora dos muros da cidade, por negros e para os negros, que não podiam frequentar as igrejas dos brancos. A obra começou em 1704 e durou mais de 100 anos. Fincada na Ladeira do Pelourinho, a Igreja do Rosário dos Pretos compõe a imagem de Salvador que corre o mundo. Ontem pela manhã, às 10h, ela reabriu as portas após mais de dois anos em restauração. Quem não consegue esconder a ansiedade é Ubirajara Santa Rosa, prior da Irmandade dos Homens Pretos. “Estou contente com esta obra. Agora vamos ver o que o nosso povo vai achar”. 


Emoção, devoção e fé foram os destaques da missa que marcou a reabertura da Igreja do Rosário dos Pretos, de longe era possível observar a emoção dos devotos ao carregarem as imagens dos santos Antônio e Benedito e das santas Bárbara, Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora do Rosário na procissão que saiu da Igreja da Ordem Terceira do Carmo, em Santo Antônio e seguiu em  direção à Igreja, no Terreiro de Jesus.


As imagens ficaram expostas para a visita de devotos e turistas. A aposentada Maria José Gonzaga, 74 anos, estava na Igreja antes mesmo de chegar a procissão. “Já fui da irmandade e tive graças alcançadas”, comenta.

O pedreiro João Alves, 29 anos, chegou cedo e garantiu lugar na primeira fileira da Igreja. “Me emociono com a alegria de todos, além da fé, que, para mim, move montanhas”, diz.


Durante a homilia, o padre Gabriel dos Santos comentou sobre a reabertura após reformas. “Foram dois anos e dez meses de portas fechadas. Independente de pele, da cor, do credo e da classe social, estamos aqui para celebrar todos juntos”, acrescentou.


É a fé que envolve a aposentada Isabel Machado da Cruz, 100 anos, que há 40 faz parte da irmandade e prestigia as celebrações. “É momento de alegria e emoção”, afirma.


Com um investimento de R$ 2,6 milhões dos governos Estadual e Federal, a igreja, tombada desde 1938 como patrimônio nacional, recebeu intervenções estruturais e artísticas. Nesse quesito, a responsabilidade foi de Rosândila Nunes. Sua equipe trabalhou no piso, no gradil, nas pedras e até em imagens de santos, mas nada demandou tanto esforço quanto os forros.


Não há documentos sobre sua simbologia, mas na capela-mor, por exemplo, as referências são claras: quatro mulheres de traços distintos representam Europa, África, Ásia e América. “É muito gratificante ver o trabalho pronto. É mesmo emocionante”, revela Rosândila. A satisfação dela é compartilhada por outro restaurador, Estácio Fernandes, responsável pela recuperação dos azulejos, pintados por Francisco Gonçalves da Costa.


No conjunto da nave, destaca-se um painel na entrada da igreja. Nele, um dos reis magos, Gaspar, está representado com um cocar na cabeça, mostrando já alguma influência dos índios da América. “Tivemos que remover os azulejos e criar uma base para evitar infiltrações e então assentar tudo e fazer a restauração e os retoques necessários”, conta Fernandes.
Cássio Sales, arquiteto do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) e fiscal da restauração, resume a obra: “Foi um trabalho feito com muito cuidado. Vamos torcer para ser conservada”. Que assim seja.  




Obs.: Fotos tiradas do meu celular exceto as duas últimas. 

Um comentário:

  1. com atraso ou faltando pequenas coisas para serem feitas,nao importa o importante é que foi menos de cem anos como na costruçao,governador obrigada por reformar a casa dos negros bahianos.

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