Palmares

.

.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012


TURMA DO "NÃO"


A atuação do movimento negro foi destacada pelos alunos com um posicionamento contrário
às ações afirmativas. Na opinião do estudante de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero,
Renato Bazan a decisão foi obviamente tomada como resultado da pressão dos interesses
do movimento negro, que apenas transferiu para os ministros do STF o fardo de se retratar
sobre as injustiças de 380 anos de escravidão. "O Supremo parece concordar com a diferenciação
jurídica a partir da cor da pele - argumento que, muito embora tenha sido banido formalmente 
da legislação brasileira há mais de um século, ainda não foi superado. O fato de o órgão jurídico
mais alto do país julgar em favor dessa separação entre negros e brancos é um gigante 
passo para trás no processo de eliminar a ilusão de que raças existem."
O principal argumento levantado pelos alunos contrários às cotas nas universidades é que não
existe "ensino para a população negra", assim como não existe "ensino para a população branca".
Eles ressaltam que a única forma de resolver a deficiência de ensino entre os negros é o fortalecimento das bases do ensino público nas regiões em que somos maioria. 
"As diferenças só existem quanto à classe social e econômica as quais pertencem 
a pessoa, e a partir deste pressuposto é que poderemos discutir diferenças, 
pois quanto aos outros aspectos todos somos iguais. Acredito que a deficiência 
de ensino entre a população negra só poderá ser resolvida quando a educação for prioridade de
investimentos, tanto na infraestrutura como, principalmente, na formação de docentes", opina
Vinícios Morás, estudante de Letras da Universidade Paulista (UNIP).


ASSUNTO POUCO EXPLORADO

Muitos alunos acompanharam pela mídia as discussões no Supremo Tribunal Federal e 
observaram como o debate seria conduzido no ambiente universitário.
Keren Matos sentiu que o assunto foi pouco explorado pela mídia e pelas universidades.
"Acompanhei a cobertura da imprensa sobre a decisão e observei que a mídia muitas vezes
dá visibilidade a assuntos irrelevantes, cotidianos, e faz o oposto quando o assunto são
as cotas. Aqui na Unipalmares, mais de 100 alunos foram até Brasília acompanhar a
decisão do STF, mas o debate não foi geral. Creio que poderíamos avançar mais 
neste assunto." Para Vinícios, alguns dos argumentos a favor das cotas discutidas 
no Supremo o surpreenderam. "Me chamou a atenção a fala da ministra Carmen Lúcia,
que afirmou que mesmo não sendo a melhor opção - o melhor seria 'ter uma sociedade
na qual todo mundo seja livre para ser o que quiser' - o sistema de cotas é uma 
necessidade em uma sociedade onde isso não aconteceu naturalmente', e neste ponto
concordo com ela", analisa o aluno que frisa que a discussão sobre o tema na Universidade
Paulista só ocorre nos cursos de licenciatura e nos relacionados à área social, embora a 
importância deste assunto devesse se estender para visão geral de todos os alunos.
Independente da decisão do STF, o que se pode perceber é que a discussão sobre as cotas
está longe de terminar, pelo menos dentro dos muros das universidades de todo o país, mas
a maioria dos alunos vê as cotas como um caminho seguro para inserir os negros no ensino
superior de qualidade. Kendy Neris, estudante da UnB, adverte que a sociedade brasileira precisa resguardar os direitos dos que são segregados, oferecendo-lhes as oportunidades que lhes cabem. Esta mudanças, segundo ela, já acontece na UnB. "Agora que nós cotistas somos muitos, 
estudamos sobre nossa própria realidade, não sendo apenas objetos de estudo. Há uma 
nova perspectiva científica, um novo olhar sobre a sociedade."



Nenhum comentário:

Postar um comentário

.

.

Irdeb TVE

Greenpeace: Liga das Florestas

Som no Blog - Podcast

.

.