Palmares

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segunda-feira, 18 de novembro de 2013


A genialidade afro
Salve gente da pele café, ouro negro do mundo inteiro!

MARGARETH MENEZES, CANTORA E COMPOSITORA



Estava ansiosa para escrever a coluna deste mês e dividir com vocês algo que descobri e me deixou surpresa e feliz! Entre tantas atribuições de trabalho, busquei um tema para esta coluna AfroPop, que estou adorando fazer. Algo que me chamou a atenção, e que tem me comovido por tudo que esse grande herói vivo simboliza para todos, é a luta de Nelson Mandela pela vida.

Lendo sobre o Sr. Mandela tive uma ideia que foi como um clarão: escrever sobre outros homens e mulheres afrodescendentes que tenham dado suas contribuições ao mundo de alguma forma. Fui além e cheguei até os 'negros e negras cientistas e inventores', e foi aí que começou a minha descoberta.

Descobri um livro chamado "Negras e Negros Inventores, Cientistas e Pioneiros - Contribuições para o Desenvolvimento da Humanidade", escrito pelo professor Carlos Machado, mestre em História pela Universidade de São Paulo (USP). Em uma entrevista, o professor explica que chegou à ideia do livro, aos 25 anos, depois de ver uma publicidade da rede de fast food McDonalds na revista americana Ebony, em 1996, que homenageava o povo afro-americano. Na página, ilustrações de objetos como geladeira, semáforo, caneta tinteiro e a mensagem "Cada vez que você usar uma dessas coisas, estará celebrando a história do povo negro".

Fiquei surpresa porque, apesar da certeza das nossas potencialidades e inventividade perante as adversidades da vida, eu nunca soube nada sobre essas pessoas e seus inventos, tão utilizados por todos nós e no mundo inteiro. Ainda não tive acesso ao livro, mas quero citar alguns desses grandes colaboradores da humanidade e da sociedade contemporânea.



Para começar, descobri que foi um homem negro, chamado George Washington Carver - botânico e pesquisador no Instituto de Tuskegee, no Alabama - que inventou, no século XIX, o índigo, usado até hoje para colorir jeans, e que na época salvou a indústria americana da crise dos corantes. Carver criou derivados do amendoim, a gasolina de nitroglicerina e centenas de produtos a partir de plantas. Thomas Edison ficou impressionado com suas descobertas e o convidou para trabalhar em sua empresa de invenções.

Além dele, a lista de negras e negros inventores é imensa. O Dr. Lewis Latimer foi quem, em 1876, desenhou o primeiro projeto de telefone para Graham Bell, além de ter criado o filamento de carbono que deixa lâmpadas acesas por mais tempo. Alexandre Milles criou o sistema de proteção automática para impedir que as portas de elevadores se abram quando o equipamento está ausente, e patenteou o elevador, em 1887. O também norte americano John Standard foi quem inventou o refrigerador, em 1891. Mais contemporâneo, Mark Dean, PhD por Standford, possui três das nove patentes de PCs da IBM e liderou a equipe que criou o processador de 1 GHz.

"LENDO SOBRE O SR. MANDELA TIVE UMA IDEIA QUE FOI COMO UM CLARÃO: ESCREVER SOBRE OUTROS HOMENS E MULHERES AFRODESCENDENTES QUE TENHAM DADO SUAS CONTRIBUIÇÕES AO MUNDO DE ALGUMA FORMA"

Entre as mulheres, Linda Newman inventou, em 1898, a escova de cabelo. Alice Parker foi a inventora do aquecedor. A Dr. Patricia Bath, em 1981, inventou a sonda laser que é usada para fazer cirurgias nos olhos até hoje. Mais recentemente, a Dra. Ana Macwan, pesquisadora e cientista, passou a integrar o grupo que trabalha na criação de aviões na NASA.
Entre tantas descobertas, fica aqui a minha sugestão à Revista Raça para a criação de um espaço que mostre esses e outros inventores e traga ao conhecimento da população as histórias desses heróis que pude descobrir inspirada pelo Mandela. Esse trabalho não pode ficar escondido. O que nos fez alheios a respeito dessas mentes brilhantes foi o racismo, essa doença que corrói a humanidade. É lamentável a ocultação das invenções e descobertas científicas assinadas por mulheres e homens negros.

Mas, ainda bem, estamos vivendo novos tempos! Acredito e espero que, no futuro, descobertas científicas e tecnológicas sejam vistas e valorizadas unicamente como avanços à humanidade, sem que seus gênios criadores sejam alvo de preconceitos de cor ou gênero. E que essa forma estúpida de discriminação suma pelo menos das escolas e universidades. A verdade sobre os fatos é um direito para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. "Viver e não ter a vergonha de ser feliz", dizia o grande poeta Gonzaguinha. É isso que o povo afro brasileiro quer. Viva os negros e as negras inventores, cientistas e revolucionários!

Fonte:
 


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