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sábado, 28 de março de 2015

O ASSASSINATO DO LÍDER DE CONGO, PATRICE LUMUMBA.


O assassinato de Patrice Lumumba, primeiro ministro da República Democrática do Congo, em 17 de janeiro de 1961, foi encomendado por Dwight D. Eisenhower, presidente dos Estados Unidos, e pago pelo governo de John F. Kennedy, seu sucessor. 


"O tempo é senhor da razão” diz o provérbio, segundo o qual o passar do tempo esclarece todas as dúvidas. Foi necessário mais de meio século para o Estado norte-americano admitir sua responsabilidade no homicídio que vitimou Patrice Lumumba, líder da independência do antigo Congo Belga, cujas consequências o tornam um crime de lesa-humanidade. Hoje, já se sabe que o republicano Eisenhower ordenou diretamente a Allen Dulles, diretor da CIA de 1953 a 1961, que Lumumba fosse eliminado.

A agência montou o “Projeto Wizard” e a missão só foi cumprida no início do governo do democrata JFK, que destinou 500 mil dólares para pagamento das tropas e equipamentos militares, no Congo. Boa parte dessa quantia foi recebida pelos assassinos do primeiro ministro congolês. Em depoimento ao senado norte-americano, em 1975, que investigava o assassinato de Kennedy, Robert Johnson afirmou que no momento em que o presidente dos EUA deu essa ordem direta a Dulles, provocou no grupo presente na reunião um silêncio que durou cerca de 15 segundos. Há até pouco tempo, a gravação desse depoimento foi mantida em segredo.

Os antecedentes da tragédia:
Financiado por Leopoldo II, o rei da Bélgica, em 1878, o explorador Henry Stanley chegou à África Central com a missão de fundar entrepostos comerciais com povos da etnia Banto, distribuídos em algumas centenas de reinos, sendo os dois maiores Baluba e Congo. A descoberta de que as montanhas de Katanga, ao sul da região, guardavam milhares de toneladas de diamantes despertou a cobiça das nações europeias e de seus aliados. A Conferência de Berlim, entre 19 de novembro de 1884 e 26 de fevereiro de 1885, decretou que aquele território era uma possessão pessoal de Leopoldo II, responsável por um dos maiores genocídios da história da humanidade, e em 1908 foi oficializado como colônia da Bélgica, passando a se chamar Congo Belga.

Através de mineradoras multinacionais e da violenta força de repressão colonial, o Ocidente explorou o Congo e seus povos, na primeira metade do século 20, até surgir um líder eloquente e anticolonialista convicto chamado Patrice Émery Lumumba. Funcionário dos correios, nascido em 1925, em Sancuru, província de Kasai, ele fundou, em 1958, o MNC – Movimento Nacional Congolês. Em 30 de junho de 1960, o país conquistou a independência e a maioria dos colonos europeus fugiu. Realizaram-se eleições que tornaram Joseph Kasavubu presidente, e Lumumba primeiro ministro. A busca de apoio institucional e militar na União Soviética revoltou a opinião pública ocidental.


A CIA e o exército belga, agora sob ordem do rei Balduíno I, financiaram as lideranças regionais para destituir o novo governo. Convenceram os habitantes de que Katanga, tão rica, não poderia ficar sob o domínio comunista. Dez semanas depois da posse, revoltas eclodiram em todo o país sob liderança de Moise Tshombe. A ONU enviou os boinas azuis da Força de Paz sob comando norte-americano, masLumumba foi sequestrado por mercenários, torturado e fuzilado diante do “soldados da paz”. Ao assumir o poder, Tshombe enfrentou novas rebeliões. Houve golpes e contragolpes, até 1965, quando Mobutu Joseph Désiré tomou o poder e permaneceu por mais de três décadas.

A política de “africanização” de Mobutu, proibindo nomes ocidentais e cristãos, mudando a denominação do país para Zaire e a da capital de Leopoldville para Kinshasa, também incomodou o Ocidente, que o apoiava. Ele mudou até o próprio nome para Mobutu Sese Seko Koko Ngbendu wa za Banga, que significa “o todo-poderoso guerreiro que, por sua resistência e inabalável vontade de vencer, vai de conquista em conquista, deixando fogo à sua passagem”. Nas duas décadas que se seguiram, o país enfrentou a guerra civil. Agora, os ocidentais financiavam o oposicionista, Laurent-Désiré Kabila.

Vencido, em 1997, Mobutu fugiu para o Marrocos, onde morreu. Kabila assumiu o poder e o país voltou a se chamar República Democrática do Congo. O novo governo prometeu democratização, mas tomou medidas autoritárias, gerando novas revoltas, agora patrocinadas pelos governos de Ruanda e Uganda, conforme os interesses das potências ocidentais.

Laurent Kabila se manteve na presidência, graças ao apoio militar de Angola, Zimbabwe e Namíbia, até ser assassinado, em 2001. Em 2006, aconteceram as primeiras eleições presidenciais naquele país, depois de 40 anos. O vencedor foi Joseph Kabila Kabange, filho de Laurent, que ainda preside o país. Resta saber se a significativa indenização devida pelos EUA por sua responsabilidade no assassinato de Lumumba ajudará a fortalecer esse país democrático e ressarcirá os herdeiros daquele que foi um dos grandes líderes do continente africano no século 20.


Fonte:

http://raca.digisa.com.br/colunistas/o-assassinato-do-lider-de-congo-patrice-lumumba/3066/



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